INTRODUÇÃO
Vai chegando ao fim o ano 2009. Nos últimos doze meses estivemos ocupados com muitas coisas em várias situações: preocupamo-nos com o bem-estar de nossos familiares, dedicamo-nos às nossas atividades profissionais (ou estivemos à procura de um emprego), estivemos atentos à nossa saúde, cuidamos de nossas casas, compramos, vendemos, negociamos, viajamos, sorrimos, choramos. Em nossa paróquia, fomos pastoreados pela Pastora Carla – a Pastora mais linda da IECLB –, participamos dos cultos, das reuniões de jovens, do Grupo Reviver, dos jantares dos homens e das mulheres. Talvez, muitas dessas coisas faremos novamente em 2010, porém, como diz a música, “o meu destino será como Deus quiser”.
É claro que, segundo cremos, Deus realmente faz o que quer e é nos acontecimentos da vida que somos chamados a refletir sobre o que ele está fazendo e como podemos experimentar e participar disso. Santo Agostinho dizia que Deus muda as coisas sem mudar o seu plano.[1] Em outras palavras, ainda que nunca compreendamos como, é apenas diante de Deus que o tempo e a vida, absolutamente complexos e imprevisíveis, não podem esconder as cartas do seu jogo.
2010 é um mistério ao qual estamos prestes a passar. Não somos capazes (e ninguém é) de prever o que irá acontecer e que tipo de circunstâncias iremos enfrentar. Todavia, como cristãos, podemos adotar algumas atitudes através das quais seguir pelas estradas que a vida, e nós inseridos nela, for construindo diante de nós. Com a leitura de DEUTERONÔMIO 4.1-9, convido vocês a, em 2010, OUVIR, (RE)VER E CHAMAR.
Em 2010, o que eu devo ouvir?
1o) OUVIR A LEI E AS PROMESSAS DE DEUS (v. 1-2)
O livro de Deuteronômio, o quinto do Antigo Testamento da Bíblia cristã, é um conjunto de discursos de Moisés, através dos quais este repassa a trajetória dos israelitas desde o monte Horebe (em Êxodo, chamado “Sinai”) até às fronteiras da terra de Canaã. A geração que saíra do Egito, com a exceção de Josué e Calebe, morrera durante a peregrinação, visto que, tendo chegado já antes à beira da terra prometida, descreu da palavra de Deus que Moisés trouxera (Números 14.26-30). Uma nova geração surgiu (Números 14.31) e está prestes a entrar na posse que Deus havia prometido.
Moisés recomenda-lhes, pois, a OUVIR. Ouvir o quê? Os estatutos e os juízos de Deus que o profeta ensinava e a promessa de Deus que o profeta assegurava. É claro que o OUVIR não se refere apenas à decodificação pelo nosso cérebro das ondas sonoras que nos chegam aos ouvidos. OUVIR, como diz o texto, é APRENDER (“ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino”), CUMPRIR (“para os cumprirdes”) e CRER (“possuiais a terra que o SENHOR, o Deus de vossos pais, vos dá”). Segundo Moisés, quando ouvimos a Lei e a Promessa de Deus encontramos a VIDA (“ouve... para que vivais”). Antes de mais nada, devemos OUVIR para que VIVAMOS, isto é, não nos tornemos reféns das circunstâncias, para bem ou para mal, mas sim agarremos a esperança de que podemos, por Deus, VIVER apesar de tudo.
Em 2010, o que eu devo (re)ver?
2o) (RE)VER OS ERROS E OS ACERTOS E (ANTE)VER O QUE SERÁ CASO TENHAMOS DEUS CONOSCO (v. 3-6)
Por que (re)ver os erros? A fim de que lembremos a dor que nos trouxeram e não cometê-los novamente. Israel envolveu-se com o povo de Moabe e seu deus Baal-Peor e pagou um preço caro (Números 25.1-9).
Por que (re)ver os acertos? Para sentirmos a alegria, nossa e dos outros, pelo que nosso bom proceder trouxe e identificarmos mais este marco da estrada por onde Deus quer que vamos. Alguns de Israel não seguiram Baal-Peor, como Finéias, neto de Arão (Números 25.6-13), e puderam permanecer até aquele momento de entrar em Canaã.
Como assim antever o que será se tivermos Deus conosco? A questão não é o que vamos ganhar ou perder, mas como lidaremos com o que vier. Se procurarmos por Deus, priorizaremos a responsabilidade e a ética em nossos caminhos e extrairemos sabedoria da vida. Era o que Deus aconselhava e prometia a Israel: sabedoria e justiça.
Em 2010, por quem eu devo chamar?
3o) CHAMAR POR DEUS SEMPRE, POIS É CERTO QUE ELE SE ACHEGARÁ A NÓS (v. 7)
Embora tivesse passado por fracassos e sofrimentos, Israel podia dizer: “O SENHOR achega-se a nós todas as vezes que o invocamos!” É um engano achar que Deus não nos receberá porque pecamos. Lutero agradecia a Cristo por este tomar o pecado dele, dando-lhe em troca a sua graça.[2] Lutero sabia que, quando vamos a Cristo em pecado, este nos recebe para conduzir-nos à confissão, ao perdão e à transformação pelo poder do Espírito Santo.
É também um engano achar que não importa que pequemos, já que Deus nos receberá. Quem pensa assim, não achará Deus, pois de fato não o está procurando.
Outro equívoco é pensar que Deus não nos ouve porque nosso sofrimento não passou. Infelizmente, mesmo que esta seja uma questão que inquietará a mente humana enquanto esta existir, o sofrimento faz parte da vida e, em meio a ele, devemos fazer como Jesus: gritar para Deus do fundo do nosso ser (Marcos 15.34; cf. Hebreus 5.7-10). Ainda que se sentisse abandonado, o Nazareno gritou na cruz porque sabia que Deus iria ouvir seu grito. O sofrimento, assim como a satisfação, vai e vem, mas a proximidade de Deus nunca desaparecerá. Em 2010, e por toda a sua vida, sempre chame por Ele.
CONCLUSÃO
Em 2010, OUÇA a Lei e as Promessas de Deus; (RE)VEJA os erros e os acertos e (ANTE)VEJA o que será se tiver Deus com você; e CHAME sempre por Deus, pois Ele está pronto para achegar-se a você. Amém
Notas:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
A BÍBLIA SAGRADA: ANTIGO E NOVO TESTAMENTO. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.