Comentário elaborado a partir da postagem "As (in)utilidades da educação teológica" e dos comentários que a seguem. O material pode ser lido em http://www.israelbelo.blogspot.com.
Caro Pr. Israel,
À luz dos comentários expostos, preciso fazer algumas considerações.
Considero indispensável a pesquisa teológica democrática, que seja capaz de colocar em diálogo perspectivas de análise bíblica distintas, sendo que não existe hermenêutica que dê conta de todos os problemas e possibilidades que podem ser descobertos nessa tarefa.
Lamento que, em nome de uma suposta piedade e da "defesa" da revelação, alguns não só pretendam que certas propostas de análise filosófica, literária e científica legítimas sejam excluídas das discussões teológicas porque soam "pouco" ortodoxas, como também as estigmatizem perante a igreja (transmitindo informações distorcidas), em vez de apresentá-las com transparência (ao invés de rotulá-las de "perigos para a fé") e levar a comunidade à discussão sadia. O único perigo para a fé é a própria fé, quando pretexto para o fanatismo e a falta de reflexão e bom senso.
Conheço alguns dos professores atuais do Seminário do Sul (que não são da minha época), com os quais já conversei sobre questões da fé, e nunca ouvi nada que soasse como indiferença ou deboche em relação à fé cristã e mesmo negação do sobrenatural. Entendo, sim, que eles têm o direito de possuir e expor suas posições teológicas e que a sua atitude deve provocar as consciências dos educandos, inclusive para demolir uma arrogância dissumulada que diz submeter-se ao mistério de Deus, porém o tempo todo insiste em enquadrá-lo nessa ou naquela perspectiva teológica, como se única e suficiente fosse. E daí que haja aqueles que não considerem a Bíblia a Palavra de Deus letra por letra? A meu ver, fazer equivaler o texto da Bíblia, produto da lavra humana, à Palavra de Deus é idolatria. Coisa bem diferente é aproximar-se dela com fé por saber que ela contém testemunhos de pessoas que encontraram Deus em sua própria experiência e, baseado nesse mesmo testemunho, considerar que o Espírito Santo trará ao coração daquele que lê a presença do Senhor, embora trabalhando sobre a letra do homem falível.
Penso que o Seminário do Sul não deveria ser responsabilizado por aquilo que alunos (ditos "liberais" ou "ortodoxos") dizem, muitas vezes irrefletidamente, ao que parece preocupados não com o diálogo e a fraternidade, mas tão somente em fazer prevalecer a própria opinião. E sobre se há alguma utilidade em estudar a formação do Pentateuco: sou da posição de que há sim; toda a formação da literatura bíblica! O avanço nas pesquisas sobre a história da produção, transformação e estruturações teológicas dos textos pode desvendar intencionalidades (políticas e teológicas) ainda não notadas e, conseqüentemente, chamar a atenção para os modos de interpretação e culto com os quais Israel proclamava transcendência de sua divindade e representava uma expressão (limitada) à ação imanente dela. Desse modo, talvez consigamos iluminar as nossas próprias compreensão e atualização prática desse patrimônio da fé.
Parabenizo o sr., Pr. Israel, por seu trabalho e agradeço a sua amizade, por causa da qual ouve minhas perguntas e se dispõe a discuti-las comigo. Que Deus o abençoe!
Caro Pr. Israel,
À luz dos comentários expostos, preciso fazer algumas considerações.
Considero indispensável a pesquisa teológica democrática, que seja capaz de colocar em diálogo perspectivas de análise bíblica distintas, sendo que não existe hermenêutica que dê conta de todos os problemas e possibilidades que podem ser descobertos nessa tarefa.
Lamento que, em nome de uma suposta piedade e da "defesa" da revelação, alguns não só pretendam que certas propostas de análise filosófica, literária e científica legítimas sejam excluídas das discussões teológicas porque soam "pouco" ortodoxas, como também as estigmatizem perante a igreja (transmitindo informações distorcidas), em vez de apresentá-las com transparência (ao invés de rotulá-las de "perigos para a fé") e levar a comunidade à discussão sadia. O único perigo para a fé é a própria fé, quando pretexto para o fanatismo e a falta de reflexão e bom senso.
Conheço alguns dos professores atuais do Seminário do Sul (que não são da minha época), com os quais já conversei sobre questões da fé, e nunca ouvi nada que soasse como indiferença ou deboche em relação à fé cristã e mesmo negação do sobrenatural. Entendo, sim, que eles têm o direito de possuir e expor suas posições teológicas e que a sua atitude deve provocar as consciências dos educandos, inclusive para demolir uma arrogância dissumulada que diz submeter-se ao mistério de Deus, porém o tempo todo insiste em enquadrá-lo nessa ou naquela perspectiva teológica, como se única e suficiente fosse. E daí que haja aqueles que não considerem a Bíblia a Palavra de Deus letra por letra? A meu ver, fazer equivaler o texto da Bíblia, produto da lavra humana, à Palavra de Deus é idolatria. Coisa bem diferente é aproximar-se dela com fé por saber que ela contém testemunhos de pessoas que encontraram Deus em sua própria experiência e, baseado nesse mesmo testemunho, considerar que o Espírito Santo trará ao coração daquele que lê a presença do Senhor, embora trabalhando sobre a letra do homem falível.
Penso que o Seminário do Sul não deveria ser responsabilizado por aquilo que alunos (ditos "liberais" ou "ortodoxos") dizem, muitas vezes irrefletidamente, ao que parece preocupados não com o diálogo e a fraternidade, mas tão somente em fazer prevalecer a própria opinião. E sobre se há alguma utilidade em estudar a formação do Pentateuco: sou da posição de que há sim; toda a formação da literatura bíblica! O avanço nas pesquisas sobre a história da produção, transformação e estruturações teológicas dos textos pode desvendar intencionalidades (políticas e teológicas) ainda não notadas e, conseqüentemente, chamar a atenção para os modos de interpretação e culto com os quais Israel proclamava transcendência de sua divindade e representava uma expressão (limitada) à ação imanente dela. Desse modo, talvez consigamos iluminar as nossas próprias compreensão e atualização prática desse patrimônio da fé.
Parabenizo o sr., Pr. Israel, por seu trabalho e agradeço a sua amizade, por causa da qual ouve minhas perguntas e se dispõe a discuti-las comigo. Que Deus o abençoe!
Um comentário:
Ruben,
admiro o seu bom senso equilíbrio de idéias. Dessa perspectiva muitos (no meio teológico e fora dele) estam em falta.
Um grande abraço,
Pedro.
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