Perdi um Amigo.
Eram 18h48 do último 27 de abril. Recebi um torpedo da Carla. A frase era curta. A mensagem, atordoante.
O Bili se foi.
Liguei para ela. Chorando, ela me contou. Ficamos muito tristes, muito mesmo.
O Bily era o cãozinho dos meus sogros. A Carla conviveu mais com ele do que eu, mais ou menos uns quinze anos. Conheço o Bily desde 2008, mas estive mais próximo dele a partir de 2009, quando já me mudara definitivamente para o Rio Grande do Sul.
Só tenho boas lembranças dele. Foi preparando sua comida que fui conquistando-o. Afinal, eu era
recém-chegado e o Bily não me conhecia. Não demorou muito para ficarmos
amigos. Ele era muito dócil.
Adorava comer e, sempre que a gente preparava a sua tigela, ele latia. Parecia dizer: "Ei, não demorem muito!" Não gostava, porém, que mexessem na comida dele. Mesmo assim, ele nitidamente tentava deixar isso claro sem nos ferir. Ele me mordeu duas vezes quando quis ajeitar o seu prato. Pelo tamanho dos seus dentes, poderia facilmente furar minha mão. Mas o que ele quis foi apenas me dizer, do jeitinho dele (procurando não machucar, já que nunca mordeu com intensidade para perfurar), que não era para mexer ali. Talvez ele também tivesse receio de que retirássemos sua comida, tamanha era a sua vontade de "papar". Todavia, estou certo de que ele acabava percebendo que lhe dar de comer também nos fazia muito felizes. Ao colocarmos o prato, ele sempre nos olhava e sabíamos que, com esse gesto, ele nos dizia "muito obrigado". No final do ano passado, a "paixão" de nosso Bily por comer provocou uma determinada situação que culminou num eficiente socorro para a Carla, quando foi diagnosticada uma doença que lhe ocosionou muito medo e mal-estar. Como ela mesma disse: "Ninguém tira de mim a ideia de que, naquele dia, o Bily, sem querer, me salvou" (Leiam o comovente relato que ela faz em sua homenagem ao Bily em http://fragmentosdeumautopia.blogspot.com.br/2012/05/bily.html).
Bily havia sobrevivido a uma cinomose anos atrás. A doença, no entanto, deixara como sequelas uma saúde debilitada e alguns tiques. Assim mesmo, toda vez que algum de nós aparecia por ali, no quintal, estivesse ele deitado ou em pé, vinha de imediato para junto. Ele gostava de acompanhar a gente. Houve ocasiões que a Carla e eu tivemos o prazer de passear com ele na rua em que ficava a casa dos pais dela. Com alguns puxões, parecia que era ele quem nos levava.
Nos últimos tempos, o Bily ganhou a companhia do Fifi, um gatinho preto que meus sogros adotaram. Bily e Fifi derrubavam completamente a ideia de que cães e gatos são necessariamente inimigos naturais. Por mais que o Fifi se irritasse em alguns momentos e batesse no focinho do Bily, este não ligava e queria continuar brincando.
Infelizmente, o Bily foi enfraquecendo. Perdeu a visão do olho direito, a audição e a força nas pernas. Por fim, o que parecia ser uma infecção no ouvido o atingiu. Sofremos muito porque ele sofria. A melhor (e mais difícil) solução acabou sendo a eutanásia. Sabemos que ele agora não sofre mais, só que nos dói muito estar sem ele. O pátio vazio é um cenário sem sentido...
Desejo demais que o Bily continue vivo num lugar onde a doença e o sofrimento não entrem. É minha esperança que ele tenha sido recebido pelos queridos da Carla e meus que também se foram. Como eu quero que eles cuidem dele e todos juntos sejam acolhidos pelo amor da Divindade! Anseio tanto que o Bily corra, brinque e lata por ver que a Divindade já prepara seu banquete! Quero muito que, um dia, ao levantar seus olhos puros para agradecer a comida, o Bily encontre os olhos eternos do Céu, mas também os meus, os da Carla e os de todos aqueles e todas aquelas que o amam!
Saudades, Amigo...
2 comentários:
Também amava muito o Bily! Chorei, como estou chorando agora, ao saber que ele não estará mais lá quando eu for de novo ao RS!Que ele esteja feliz, vivendo uma vida melhor, muito melhor, do que aquela vivida por ele nesse mundo cruel! Beijos Bilynho, eu te amei também!
É trsite mesmo. Forças queridos.
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