"Então, falando ele estas coisas em sua defesa, Festo disse em alta voz:
Estás louco, Paulo! As muitas letras te levam à insanidade!"
(Atos dos Apóstolos 26.24)

segunda-feira, junho 23, 2008

2º Soneto

ESPIRITUALIDADE

Ó coração, por que desobedeces
E do meu comando não fazes caso com astúcia
Para me afligires com insuportável angústia
Ignorando-me as tristezas, e as dores, e as preces?

O peito arde, pois, com minúcia,
Um verdugo acusa-me e diz: “Mereces!
De lentidões e inoperâncias te entorpeces!
Méritos de condenados barganhas sem renúncia!”

Uma perfeição fria o crepúsculo vaticina da esperança
No mundo dos vencedores, da escolha fracassada
Opção pela poesia, nau dos que desistiram da bonança

Ó Mãe Celeste, por que te ocultas da alma atormentada
Distante, Espírito Todo-Poderoso, desta reles brisa sem confiança
A descrer da vida e de por ti incondicionalmente amada?

quinta-feira, junho 12, 2008

1º Soneto

CARLA

Dos lábios encanta o sorriso
Por entre o brilho dourado dos cabelos
Histórias ardentes, fascinam os anelos
Do coração pequeno de um menino sem riso

As madeixas de longos e delicados fios amarelos
Velam pensamentos profundos de muito siso
Logo revelados quais sons de um guizo
Agitado de sonhos esmeraldas escritos em olhos singelos

Que ela não esconda deste pobre a doçura
Irreprimível do colo alvo e saboroso
Da solidão abandonando-o à loucura

Apenas ame ainda que moroso
Do infeliz o coração que lhe carece a cura
E ele adormeça esperando o amanhã ditoso
Para Carla Saueressig

segunda-feira, junho 02, 2008

Nostalgia

Não sei dizer o que é a felicidade.
Todavia estou certo de que a sentia
quando tomava café com leite
nas manhãs e tardes que passava
em casa de meus avós lá por Minas.
Parece que a felicidade
já carrega em si a sua própria antítese contudo,
pois esses tempos se foram
para nunca mais voltar.