Eu estava saindo da biblioteca do seminário, ontem. Já viera de outra biblioteca, a da faculdade, e havia andado muito. No caminho, pensava, falando para mim e para Deus sobre o meu cansaço, as minhas dúvidas e as minhas insatisfações com a religião, comigo mesmo e o ser humano. Apenas da natureza não tinha ressentimentos. Parecia-me a única realidade pura e legítima neste planeta (Não obstante, a luta das espécies entre si para sobreviver, freqüentemente violenta, deixa-me perplexo. É a violência humana, porém, que me causa repulsa e indignação!). E foi a natureza que me surpreendeu, quando eu estava assim, o coração tão dolorido.
A lua estava grande, um pouco coberta pela escuridão, contudo emitia um brilho cor-de-âmbar. Uma visão incrível, belíssima, da qual eu desfrutaria algumas outras vezes até entrar em casa. No caminho, um gato (novamente preto e branco, só que, dessa vez, do lado de dentro de uma casa, o portão devidamente protegido por uma tela, sinal evidente do cuidado dos donos pelo seu animal). Ele miou para mim, só então o vi. Imagine só! E nem me conhecia! Certamente nunca me havia visto! Aproximei-me e, mesmo por entre a proteção, ele não hesitou em se mostrar amigo.
Minutos antes disso, vi que uma conhecida, adolescente, vinha pelo outro lado da rua. Tive a impressão de que ela me identificara, todavia ficou na dúvida. Embora houvesse passado, ela olhou para trás e, agora segura, acenou para mim, sorridente. Retribuí. Foi legal aquilo.
Eventos únicos, ainda que circunstanciais. Não sei dizer se foram gestos de Deus, se bem que houvesse pensado nisso. Deus, aliás, à semelhança do narrado na lenda de Jó, não deu resposta objetiva às minhas indagações, mesmo soluções para as minhas dores. Isso não é uma reclamação, apenas uma percepção (que é uma ao lado de outras igualmente possíveis). E quer saber? Os personagens dos textos bíblicos não são exatamente conhecidos por se dirigirem a Deus cheios de "não-me-toques". Basta lembrar de Moisés, farto dos israelitas que conduzia pelos desertos; de Jeremias, explodindo de raiva, disposto a abandonar tudo; de Jó, ressentido porque tudo de ruim acontecera com ele; da mulher de Jó, que dissera ao seu marido para amaldiçoar a Deus e morrer; de Jonas, aborrecido, já que o seu anúncio (sem compaixão nenhuma, é verdade) não se realizara; de Jesus, desesperado diante do abandono da última pessoa de quem ele esperaria isso; de Paulo, arrasado porque Epafrodito estava à morte.
Ao chegar em casa, a dor permanecia. Contudo, essas experiências que vivi foram significativas. Deus apenas me ouviu. Todavia, a lua cor-de-âmbar foi um espetáculo muito bonito de se ver!
A lua estava grande, um pouco coberta pela escuridão, contudo emitia um brilho cor-de-âmbar. Uma visão incrível, belíssima, da qual eu desfrutaria algumas outras vezes até entrar em casa. No caminho, um gato (novamente preto e branco, só que, dessa vez, do lado de dentro de uma casa, o portão devidamente protegido por uma tela, sinal evidente do cuidado dos donos pelo seu animal). Ele miou para mim, só então o vi. Imagine só! E nem me conhecia! Certamente nunca me havia visto! Aproximei-me e, mesmo por entre a proteção, ele não hesitou em se mostrar amigo.
Minutos antes disso, vi que uma conhecida, adolescente, vinha pelo outro lado da rua. Tive a impressão de que ela me identificara, todavia ficou na dúvida. Embora houvesse passado, ela olhou para trás e, agora segura, acenou para mim, sorridente. Retribuí. Foi legal aquilo.
Eventos únicos, ainda que circunstanciais. Não sei dizer se foram gestos de Deus, se bem que houvesse pensado nisso. Deus, aliás, à semelhança do narrado na lenda de Jó, não deu resposta objetiva às minhas indagações, mesmo soluções para as minhas dores. Isso não é uma reclamação, apenas uma percepção (que é uma ao lado de outras igualmente possíveis). E quer saber? Os personagens dos textos bíblicos não são exatamente conhecidos por se dirigirem a Deus cheios de "não-me-toques". Basta lembrar de Moisés, farto dos israelitas que conduzia pelos desertos; de Jeremias, explodindo de raiva, disposto a abandonar tudo; de Jó, ressentido porque tudo de ruim acontecera com ele; da mulher de Jó, que dissera ao seu marido para amaldiçoar a Deus e morrer; de Jonas, aborrecido, já que o seu anúncio (sem compaixão nenhuma, é verdade) não se realizara; de Jesus, desesperado diante do abandono da última pessoa de quem ele esperaria isso; de Paulo, arrasado porque Epafrodito estava à morte.
Ao chegar em casa, a dor permanecia. Contudo, essas experiências que vivi foram significativas. Deus apenas me ouviu. Todavia, a lua cor-de-âmbar foi um espetáculo muito bonito de se ver!
7 comentários:
Olá Ruben,
Recordo-me de quando morei no Interior de Minas Gerais, na cidade de Piraúba, freqüentemente tinha a oportunidade de caminhar de noite pelas estradas, iluminado apenas pela luz do luar.
Eram momentos de uma beleza fantástica, onde eu tinha a oportunidade de contemplar a natureza e perceber o amor de Deus se revelando a mim.
O seu texto despertou-me esta lembrança.
Um abraço,
Marcos Vichi
Ih, olha só... vc hj na EBD já citou o seu próprio texto da véspera...
"Os personagens bíblicos protestam, e seus protestos são sinceros..."
Abração,
Pedro.
Olá, querido amigo!
Ler o seu texto me fez lembrar das minhas indignações e incapacidades! Quando eu estou em sintonia com Deus, ou seja, atenta ao que Ele pode mostrar no meu dia-a-dia, inevitavelmente Ele fala comigo, é claro que do jeito Dele mas de uma forma que eu O compreenda. Às vezes eu acho que não tem mais jeito em relação a tantas atrocidades, violências, indignidades! Mas segundos depois do meu pensamento me vejo crendo na esperança que tenho no Deus Todo Poderoso!É meio louco assim mesmo, cotidianamente me vejo como vc tb...
Bjs,
Christine
É realmente admirável como Deus se revela a nós nas coisas simples da vida. E, consequentemente, como esta revleção da grandeza do Pai conforta nossos corações em meio a um mundo tão conturbado.
Meu amigo, que o Senhor possa estar contigo a cada dia. Saiba que pode contar comigo sempre que precisar. Abraço apertado,
Fábio Aguiar
A VIDA SE REPETE SEMPRE...
Oi Ruben!!!!!
Eu ví a lua cheia! Cheia e brilhante, reinando absoluta no céu esta semana. Foi ela quem conseguiu me "frear" da pressa que agitava.
Também já subi muitas vezes a ladeira do Seminário cansada e com muitas "crises" pessoais,"seminariais",financeiras e profissionais, durante 80% do tempo que cursei teologia.
Mas me recordo que "a Deus tudo levava" numa tremenda bronca-oração...
Tenho a impressão que ELE preferia que eu falasse com ELE, (mesmo da maneira como falava), do que ficar cheia de "receio" de que o amor DELE não fosse tão grande pra me "aturar" da maneira como eu me encontrava naquele momento.
Depois de 2 anos de curso, criei a consciência de que Deus não precisava que eu defendesse ou justificasse todas máximas que aprendemos sobre ELE,os famosos "atributos de Deus"...
Acho que ELE queria mesmo saber até onde eu confiava de que ELE não me "abominaria" por ser 100% franca com ELE, comigo mesma e com meus sentimentos...que não era apenas cansaço de aprender a teologar e de ter que trabalhar para pagar o curso.
O que eu sentia mesmo, naquela época, era revolta, raiva,abandono, chateação... E eu sabia que "ELE sabia" o que eu sentia, mesmo que eu tentasse disfarçar...
Ah...também tinha uma gata! Sempre apareciam gatos no seminário. Creio que eles tentam buscar refúgio lá. Mas uma era especial...Ela era meio amarelada e eu comecei a alimenta-la.
Era incrivel encontra-la todos os finais de tarde na porta de entrada do 30, parecendo que através de mim, ela podia conseguir, para comer,uns creme-crakers ou um resto de "MINOJO" da noite anterior.
Ela miava até que a "comida" chegasse. Ela passou a tornar as visitas mas frequentes,e ousou subir alguns degraus da escada inferior.
Só que tudo isso causou incômodo na "comunidade de casados" do 30. As reclamações, de início, eram veladas, mas depois a coitadinha passou a ser preseguida por alguns meninos do 19.
Bem, eu e o Aderson,(um colega de Manaus,também simpatizante de gatos), nos desbobravamos em sua defesa ("ela tinha o direito tanto qto nós, estudantes, de estar alí")... e proteção... algumas vezes mantendo-a dentro de nossos respectivos quartos, qdo a velha dele ou a minha,não estavam.
Creio que dar atenção áquela gata, naquela época, (como você também fêz em sua caminhada), me ajudava a cuidar de mim mesma... dos meus sentimentos... conseguir externar ternura e não a "possível" tristeza ou amargura que assaltava minha emoção...
A lua permanece fascinando muita gente em muitos lugares em diferentes situações...
Mas...como a vida se repete, vc também, vai se recordar desta, e de tantas outras emoções, como positivas experiências a serem recordadas em MUITAS LETRAS...
Parabéns pelo SUBSTANCIAL blog.
É primo, vc ainda tem que olhar ao redor pra tentar achar resposta de Deus?! Não fiote! vc tem que olhar pra dentro de você, pra seu coração, a dúvida que tem sentido nada mais é do que quê sede, sede de Deus, se você olhar pra dentro e não o encontrar, vc tem que rever seus conceitos e se converter novamente enquanto ainda existe tempo...
Eu desejo a você felicidade, justamente a que você busca, mas como vc vai encontrá-la se você mesmo se distancia dela? A oração é seu telefone com Deus! Use enquanto o serviço de discagem não é desligado!
este sempre foi o jogo entre nossas conversas, papo aberto e sem rodeios!
Cadu me enviou esse comentário:
Olá Rubão,
Lua enluarada pra ti.
Perdoa-me por usar seu espaço pra manifestar esses meus dias punks.
Desta feita meu urro é o lembrete ao 11 de setembro, não o promovido pelos cara-metade Bush X Bin Laden no WTC, mas o que me lembra esses dias de Senado Brasileiro:
Santiago do Chile, 11 de Setembro de 1973. Após deixar o palácio de La Moneda , o presidente Salvador Allende foi morto. Com a sua morte a democracia tinha chegado ao fim no Chile.
Por aqui nunca tivemos um governante (não gosto mais desta palavra) socialista, menos ainda um que olhasse pro Social, e não me venha com o arremedo FHC. Tanto lá como aqui, também matamos ou deixamos morrer a democracia.
Bom saber que sua ‘melancólica-lua-felina’ não foi ofuscada pelo meu ‘céu com luz de míssil’, que aí sim, traz à baila Bush, Laden e o episódio WTC:
Céu com luz de míssil,
A eterna rapina dos humanos
Sempre em festa de fúria.
Todo fogo é amigo ancestral,
Intolerância é o grande esporte radical.
Dança do ventre da menina
Dança no meio da ruína
Abala balística cabala da favela!
Dança do ventre da guerra:
Body Jump, kitesurf, Rapel, Rally, agente-social-marcial
Intolerância é o grande esporte radical!
Cadu.
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