Carlinha,
Aí desabrocha o nosso primeiro ano!
Rompeu do tempo o tênue pano!
Leve, floreava cuidadoso do amor a casinha.
Admirável e misterioso paradoxo!
Misturaram-se nossos corações neste universo ortodoxo.
Iam-se, por mão da religião astronômica, os dias, é verdade!
No que, porém, nossos olhares um do outro sentiam saudade,
Havia o fenômeno: como na Bíblia, o sol parava,
Almas em riso, corpos em fogo, a gente se amava!
Querida,
Um ano faz de nossa melodia conjugal!
Escuta a época, encantada, o nosso madrigal.
Ressoam singelos acordes quando moves teus olhos claros,
Infinita coletânea das mais belas composições!
Dedicamos as vozes à sinfonia da nossa vida,
Aclama o coro cordial a harmonia de nossas canções!
Eu e Tu, assim intitulamos nossa obra.
Somos anáforas na sintaxe desse escrito:
Poderia o meu “Eu” o teu “Tu” não anunciar
Ou o meu “Tu” o teu “Eu” não revelar?
Sabe, Amor, quero que um permaneça no outro inscrito,
A poesia dos enamorados, a todo momento,
[uma antologia da felicidade se descubra!